quinta-feira, 6 de novembro de 2008

LISTA DE RESUMOS APROVADOS


THOMAS KUHN E O PAPEL ESSENCIAL DA VARIABILIDADE INDIVIDUAL NA ESCOLHA TEÓRICA


Adan John Gomes da Silva (Graduando em Filosofia pela UERN)
adanjohnrn@yahoo.com.br

Orientador: Ms. Josailton Fernandes Mendonça (Dpto. de Filosofia - UERN )

Palavras-chave: ciência; escolha teórica; objetividade

São conhecidas as teses de Thomas Kuhn sobre o comportamento dos cientistas frente às novas teorias e os critérios assumidos por eles para avaliar qual teoria deve permanecer como paradigma vigente. Kuhn apresenta argumentos que demonstram a impossibilidade dos cientistas de decidirem acerca de teorias rivais baseados em algum critério partilhado e inequívoco, e que, na ausência de tal critério, elementos exteriores à ciência influenciariam na escolha. No entanto, afirmações como estas renderam a Kuhn o título de irracionalista e subjetivista, pois, segundo seus críticos, as disputas teóricas deviam pautadas em argumentações persuasivas de caráter lógico-racionais, e não em critérios “aleatórios” de cada cientista. Assim, seguindo a réplica de Kuhn, o seguinte trabalho mostrará que, diferentemente do que asseveram seus críticos, a escolha teórica tem sim critérios racionais de decisão e que estes se aplicam nos momentos devidos, mas que apenas eles, por sua própria natureza, não são suficientes para dar conta da escolha entre teorias diferentes. A natureza pouco precisa e a ausência de uma escala hierárquica capaz de priorizar certos critérios em determinadas situações evidencia porque e como as regras de escolha teórica são inevitavelmente carentes de interpretação individual por parte de cada cientista envolvido no processo, o que, segundo Kuhn, longe de priorizar a subjetividade sobre a objetividade, aponta a inevitabilidade da primeira mediante os limites da segunda. Ainda assim, ao suprirem as limitações das próprias regras de escolha com opiniões pessoais sobre qual interpretação ou relações de peso devem ser atribuídas a cada uma delas, os cientistas aplicam as regras de acordo com sua visão de mundo, o que, mesmo sendo um complemento de caráter subjetivo, não se opõe à objetividade almejada pelos filósofos da ciência, pois esse complemento faz parte da interpretação particular, mas nunca aleatória ou irracional, de cada cientista. Kuhn sugere ainda que a variabilidade de interpretações por parte dos cientistas sobre os critérios de escolha normalmente aceitos desempenha um papel essencial quando se trata da exploração de teorias alternativas que, sem terem suas potencialidades desenvolvidas por um grupo de cientistas que as escolheram ao diferirem sobre a interpretação das regras de escolha, seriam imediatamente descartadas. As diferenças individuais de cada cientista desempenham, portanto, um papel de vital importância para o avanço científico, sem o qual este estaria sujeito a estagnação, e ainda assim sem comprometer o caráter racional da ciência no processo.


DAVIDSON SOBRE EPISTEMOLOGIA E INTERPRETAÇÃO

Alessandro Luppi (mestrando, UFBA)
aluppi@ufba.br

Orientador: Prof. Dr. Waldomiro Silva Filho - UFBA

Palavras chave: ceticismo, interpretação, antiindividualismo.

O ceticismo epistemológico se constitui como um desafio à visão que temos do mundo e do nosso lugar nele, ao questionar a natureza da relação entre as nossas crenças e seus objetos. Em particular, o ceticismo global contesta a validade das justificações que podemos exibir para as nossas crenças sobre o mundo exterior à mente, perguntando: podemos demonstrar que o mundo é como acreditamos que ele é? Porque todas as nossas crenças não poderiam ser coerentes entre si e, contudo, maciçamente falsas acerca do mundo real? O desafio a que estas perguntas convidam é o de mostrar racionalmente que podemos eliminar qualquer dúvida a respeito dos fundamentos do nosso conhecimento do mundo exterior. Sem satisfazer a esta condição, alega o cético, não podemos tranqüilamente afirmar de conhecer coisa alguma, nem as mais comuns e familiares. Para Davidson o desafio lançado por esta e por outras perguntas céticas, só pode ser formulado no interior de uma imagem internalista do conhecimento e da mente, que foi largamente dominante na epistemologia do século XX. O internalismo é uma concepção dualista que opõe o conhecimento imediato e seguro do subjetivo, ao o conhecimento inferencial e duvidoso do que é externo ao sujeito. Na base deste dualismo estão as teses de que a mente com todas as suas atitudes — crer, conhecer, duvidar, perceber, imaginar, etc. — e seus objetos — impressões, idéias, crenças, etc. — existe separada e independentemente do mundo exterior, e que o subjetivo constitui o fundamento do conhecimento empírico objetivo. Segundo Davidson, não somos obrigados a aceitar esta imagem da relação entre mente e mundo se assumimos a o ponto de vista do intérprete como a posição correta para a investigação epistemológica. O “ponto de vista do intérprete” é uma concepção antiindividualística da mente, do conhecimento e da linguagem, na qual o sujeito isolado não goza de algum privilégio epistêmico, e em que a própria possibilidade de ter pensamentos exige a existência de uma relação causal com o mundo externo à mente, bem como compartilhar este mundo com uma comunidade de pessoas, que têm pensamentos e crenças, por meio de uma linguagem intersubjetiva. Neste cenário, dois indivíduos interpretam as falas e as ações um do outro como causadas por, e acerca de, objetos e acontecimentos em volta, e, ao fazer isso, se atribuem reciprocamente crenças e pensamentos. Para Davidson esta é a situação mínima necessária para que possa haver, dentre outras coisas, mentes com crenças, isto é, o pensamento faz necessariamente parte de um mundo público, e pressupõe padrões compartilhados, intersubjetivos, de verdade e objetividade. Se Davidson está correto, o dualismo de mente e mundo não faz sentido, não temos mais a exigência de um buscar fundamento para a justificação do conhecimento empírico e, com isso, responder ao cético global deixa de ser um problema para a epistemologia.


A COERÊNCIA NOS FORNECE JUSTIFICAÇÃO?

Anderson dos Santos Almeida (graduação em filosofia, UFS/GE2C)
andersociais@bol.com.br

Orientador: Dr. Alexandre Meyer Luz (DFL/UFS/GE2C)

Palavras chave: Epistemologia, Teoria da justificação, Coerentismo.

A presente comunicação terá como objetivo analisar o papel do conceito de coerência para a justificação epistêmica. É nosso intento observar em que medida este conceito é relevante para uma análise epistemológica da justificação epistêmica e se este é suficiente para uma abordagem adequada da mesma, ou seja, se o Coerentismo epistêmico é uma teoria plausível. É nosso objetivo, de modo análogo, mostrar a limitação da suposta suficiência do conceito de coerência para epistemologia. Faremos tal objeção nos valendo de um argumento que ficou conhecido na literatura epistemológica como o “argumento do isolamento”.


EXPERIÊNCIA E APRENDIZAGEM EM JONH DEWEY

Dr. Antônio Vital Menezes de Souza (Núcleo de Educação de Itabaiana/NECI/ UFS)
a.vmsouza@yahoo.com.br

Palavras-chave: Experiência, Aprendizagem, Naturalismo, Empirismo.

O objetivo central desse artigo é estabelecer relações entre os conceitos de experiência e aprendizagem a partir dos referenciais teóricos do empirismo de John Dewey. Trata-se de analisar a perspectiva naturalista e empirista de Dewey e suas influências nos cenários institucionais escolares, focalizando a produção factual da experiência e da aprendizagem entendidas através do processo de mudança eminentemente marcado pela cultura e pela atuação humana. Por fim, discuto durante o texto a concepção de democracia ante a diversidade de papéis sociais e suas repercussões nos espaços de interação pedagógica, particularmente, na sala de aula de instituições escolares.


WILLIAM JAMES, EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO NA TECNOCULTURA CONTEMPORÂNEA

Dr. Antônio Vital Menezes de Souza (Núcleo de Educação de Itabaiana/NECI/ UFS)
a.vmsouza@yahoo.com.br

Vinicius Silva Santos (Licenciado em Pedagogia, Universidade do Estado da Bahia)
vinnymil@yahoo.com.br

Palavras-chave: Experiência, Conhecimento, Tecnocultura Contemporânea, Pragmatismo Americano

Pretende-se com esse artigo apresentar reflexões iniciais sobre a pertinência de se discutir a tecnocultura contemporânea a partir dos referenciais teóricos do empirismo radical de William James. Inicialmente, contextualizamos historicamente a origem da construção teórica de James, princípios e plano conceitual, principalmente aqueles relacionados à sua teoria de fluxo de consciência. Nesse contexto, apresentamos os principais conceitos de sua teoria em relação ao conceito de experiência e ao conceito de conhecimento com a finalidade de melhor interpelar a produção cultural contemporânea mediada pelas tecnologias da informação e da comunicação. Por fim, destacamos a relevância de tais reflexões para o campo da filosofia contemporânea e para a educação.

CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES DE QUÍMICA DA REGIÃO DE ITABAIANA SOBRE A ESTRUTURA DA MATÉRIA.

Assicleide da Silva Brito (UFS);
Kathamania Vanessa Rezende Santana (UFS);
Silvanira de Souza (UFS),

Orientador: Edson José Wartha (UFS).

Este trabalho tem como objetivo apresentar dados do perfil e das concepções alternativas dos/as professores/as da região de Itabaiana das escolas públicas e particulares sobre estrutura da matéria. O trabalho teve como referência metodológica uma pesquisa qualitativa. Foi aplicado a 20 Professores/as e organizados por análise temática de conteúdo. Os dados foram coletados por meio de um questionário com duas perguntas, uma subjetiva e outra objetiva, envolvendo o conteúdo curricular: Estrutura da Matéria. A Análise de cada questão resultou várias categorias. Nesta investigação que empreendemos, sobre o perfil dos professores, observou-se que a maioria é do sexo masculino, trabalham em escolas publicas, atuam na profissão na faixa de 01 mês a 17 anos e possuem idades entre 23 e 42 anos. Em relação à questão que solicitava uma representação esquemática para explicar o comportamento do ar que está dentro da seringa antes e após a compressão, das categorias que agrupamos a que mais se destacou foi à idéia de quantidade, onde os professores desenharam a mesma quantidade de partículas antes a após a compressão. A que menos se destacou foi a de substancialismo, onde somente um dos professores desenhou partículas maiores após a compressão da seringa. Sobre a outra questão que solicitava aos professores/as assinalassem o item correto sobre o que havia entre as partículas de uma amostra de ar, foi verificado que 52,9% dos entrevistados acreditam que entre as partículas de ar existe algo. E que para o restante, correspondendo a 47,1% do total, entre as partículas de uma amostra de ar há nada, ou seja, espaços vazios. Contudo, é possível afirmar que todos os entrevistados têm a idéia de descontinuidade da matéria. Porém observou-se que a maioria dos professores possui concepções inadequadas, mesmo após terem cursado ou estar cursando Química Licenciatura. Assim, a realização desse trabalho tem ajudado a compreendermos mais profundamente as propriedades da matéria.


EXTERNALISMO E INTERNALISMO QUANTO À JUSTIFICAÇÃO E AO CONHECIMENTO

Breno Ricardo Guimarães Santos (PicVol Filosofia/UFS/GE2C); breno_ricardo@yahoo.com.br

Orientador: Dr. Alexandre Meyer Luz (DFL/UFS/GE2C)

Palavras-chave: internalismo, externalismo, conhecimento, justificação

O trabalho a ser apresentado tem como objetivo mostrar o debate teórico em epistemologia, no que concerne às teorias do conhecimento e às teorias da justificação. No decorrer do trabalho será mostrado como se dá essa discussão, quando tratamos da possibilidade de chegarmos ao conhecimento de uma proposição p, assim como dos caminhos para a justificação de determinada crença. Assim sendo, discutiremos o debate internalismo x externalismo quanto ao conhecimento e, mais adiante, focaremos o trabalho na disputa entre as teorias internalista e externalista quanto à justificação e a contraposição dos processos de justificação de determinada crença que cada teoria propõe ou critica. Ao final exemplificaremos esse embate teórico com algumas correntes importantes do Internalismo para a justificação, como o Evidencialismo, assim como correntes de destaque do Externalismo para a justificação, principalmente em Filosofia da Religião, analisando o trabalho de Alvin Plantinga acerca da justificação da crença em deus.


AS DIFICULDADES DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA NOS CURSOS SUPERIORES NA MODALIDADE EAD DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE NO PÓLO DE APOIO PRESENCIAL DE POÇO VERDE

Catiana Santos Correia Santana (UNIT)
cat_correiasantana@hotmail.com
Fernanda Santos Correia Cavalcanti (São Luís)
fernanda.correia@hotmail.com

Palavras-chave: EaD, Produção Científica, Metodologia.

A inserção do indivíduo ao universo acadêmico ainda é vista como a divisão entre um ser imaturo a um ser maduro, responsável (a partir deste momento) pela busca de soluções e/ou melhorias teóricas, metodológicas, sociais, ambientais etc, para a sociedade. Mas nem sempre os acadêmicos estão tão engajados, os motivos para tal foto são variados. Destes foram destacados: o não reconhecimento de ser um agente produtor de conhecimento, desconhecimento das metodologias de pesquisa, subjetividade dos métodos de pesquisa e falta de incentivo. Estes pontos foram observados através do estudo de caso realizado com os alunos dos cursos de nível superior de História e Letras, ambos licenciatura, na modalidade a distância, integrados ao pólo de apoio presencial UAB/UFS da cidade de Poço Verde/SE. Esta é uma pesquisa exploratória e qualitativa, que foi realizada através de questionários fechados e entrevistas abertas a fim de se obter uma visão ampla dos problemas em questão; foi utilizada também fontes bibliográficas desde manuais de metodologia científica a pesquisas sobre políticas para EaD.


REFLEXÃO SOBRE AS CONDIÇÕES DO ENTENDIMENTO NA FILOSOFIA DE LEIBNIZ

Cristiano Bonneau (UFPB)

Este texto tem o intuito de discutir algumas concepções acerca da teoria do conhecimento de Leibniz, no que tange, fundamentalmente, ao sujeito que conhece e os pressupostos que permitem a este, determinada ação. Esta investigação tem como base o capítulo XII do livro III dos ‘Noveaux Essais’, que traz à tona as condições de vínculo entre sujeito e objeto. O posicionamento do autor para com as teorias de Descartes e Locke possibilitam a formação de um sujeito do conhecimento, que, mesmo calcado em uma condição ontológica de perspectiva, pode avançar sobre o terreno das idéias claras e distintas.

O QUE É FAZER UMA AVALIAÇÃO EPISTÊMICA ADEQUADA?

Dálvaro Costa Varjão Soares (graduando em Filosofia, UFS/ GE2C)


Orientador: Dr. Alexandre Meyer Luz (DFL – UFS/ GE2C)

A teoria da Justificação é uma parte da Epistemologia que tenta entender a justificação epistêmica de proposições e crenças. Os especialistas desta área estão preocupados com vários aspectos epistêmicos associados à crença, como a estrutura das razões, a força das evidências, a conexão com a verdade, etc. Dentre as teorias do cenário do debate encontra-se o Evidencialismo, que defende que a justificação epistêmica é superveniente da evidência. Portanto, trata-se em primeiro lugar de uma tese de justificação, pois se sustenta na premissa de que o apoio evidencial é necessário ao
conhecimento. Levar em consideração o que conta como evidência e contra-evidência, ou a posse efetiva de uma evidência ou, ainda, aquilo que um corpo de evidências apóia é o que diferencia as versões desta teoria. Ao ajudar-nos a explicar conceitualmente nossas experiências epistemológicas cotidianas, o evidencialismo funciona como uma
ferramenta de grande valia para a percepção do núcleo dos problemas que assolam as teorias da justificação. Entretanto, a despeito do evidencialismo estar correto ou não, e apesar das vantagens que oferece tal como formulado até aqui, não é uma teoria bem-desenvolvida. Os filósofos que concordam que a justificação seja uma questão de se ter boas razões diferem acentuadamente acerca do que está implicado em se ter boas razões. Há, então, mais a ser feito para desenvolver uma descrição satisfatória da justificação. O objetivo desta pesquisa é traçar um panorama de como e do que trata uma forma particular de evidencialismo contemporâneo, proposta por Richard Feldman, seus principais críticos e problemas.



BARRY STROUD E A EPISTEMOLOGIA NATURALIZADA

Daniel Ramos (Graduando em Filosofia – UFS/ GE2C)

Orientador: Alexandre Meyer Luz (DFL/UFS/GE2C)

O presente trabalho temo como primeiro objetivo, expor a proposta da Epitemologia Naturalizada desenvolvida por Willard Van Orman Quine, mostrando algumas implicações na epistemologia contemporânea. Segundo, mostrar as observações de caráter cético feitas por Barry Stroud a esta proposta epistemológica.

Palavras chaves: Quine, Epistemologia Naturalizada, Stroud, ceticismo


LIGAÇÃO METÁLICA E A CONDUÇÃO DE CORRENTE ELÉTRICA NA VISÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Danilo Oliveira Santos
Gisleine Souza da Silva
Edson José Wartha

Palavras-chave: concepções, livro didático, ligação metálica.


O conceito de ligação metálica é importante na construção e no entendimento da condução de corrente elétrica pelos metais. Deste modo, a compreensão deste conceito pode levar os professores a explicarem melhor vários fenômenos presentes no dia-a-dia. Para isto, esse trabalho tem como objetivos identificar as concepções que os professores apresentam sobre ligação metálica e verificar a influência do livro didático adotado pelo professor em suas concepções. Para conhecermos qual o conceito de ligação metálica que os professores ensinam para seus alunos e a influência do livro didático, realizamos um estudo com professores da rede pública e particular da cidade de Itabaiana – SE. Os resultados da pesquisa indicam que a maioria dos professores ensina aos seus alunos que a ligação metálica é a ligação entre metais, ou direcionam para o modelo do mar de elétrons. Isto mostra que a maioria dos professores utiliza o método tradicional de ensino, transmitindo os conceitos ao invés de construí-los com seus alunos. A maioria afirmou que seus alunos explicariam a condução de corrente elétrica pelos elétrons livres, esta resposta é a mais aceita cientificamente, porém segundo os dados coletados essa pode ser uma explicação sem bases teóricas, pois a maioria tem a ligação metálica como uma ligação entre metais ou uma explanação do modelo de mar de elétrons. Os educadores que relatam a dificuldade dos alunos em compreender este assunto não procuram meios para diminuir a complexidade deste tema. Outra indicação desta pesquisa foi que o livro didático ainda exerce forte influência na prática pedagógica dos professores de Química da rede pública e particular da cidade de Itabaiana. Para melhorar este quadro defendemos a formação continuada dos professores de Química e que os docentes busquem outras formas de ensinar assuntos que acha complexos para que os alunos não fiquem prejudicados por falta de aplicação do professor em pesquisas. Os educadores devem mostrar aos alunos a existência de um conhecimento sistematizado e produzido coletivamente a partir dos conhecimentos prévios deles.


UM ESTUDO COM MAPAS CONCEITUAIS E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NA EDUCAÇÃO BÁSICA EM SERGIPE

Débora Evangelista Reis Oliveira (Mestra em Ensino de Ciências e Matemática; GEPEC).
deboraereis@yahoo.com
Tainan Amorim Santana (Graduanda em Ciências Biológicas, UFS; GEPEC; GEPEASE);
tainan_biologia@yahoo.com.br
Jobeane França de Souza (Graduanda em Ciências Biológicas, UFS; GEPEC)
jobeane@hotmail.com
Maria Mirian Mendes (Graduada em Pedagogia, Pio X; GEPEC)
mirian_conte@hotmail.com;

Palavras-chave: Conhecimento, Mapas Conceituais, Aprendizagem Significativa.


Conhecimento consiste em um conjunto de capacidades pessoais desenvolvidas como resultado de uma síntese entre as ‘informações’ que se recebe e o ‘discernimento’ que se é capaz de estabelecer sobre as informações recebidas. Este discernimento consiste na capacidade de interpretar, de avaliar, de julgar e de decidir sobre a importância da informação recebida. Acredita-se que o professor desmotiva o aluno para suas aulas quando utiliza demasiadamente o recurso da aula expositiva. Uma modalidade didática que prega um processo de ensino-aprendizagem por simples transmissão de conteúdo, no qual o aluno permanece apático enquanto o professor discursa sobre determinado tema. Uma das modalidades didáticas pode despertar o interesse dos alunos é a utilização de mapas conceituais. Estes são representações gráficas semelhantes a diagramas, indicam relações entre conceitos. A proposta de trabalho com mapas conceituais está baseada na idéia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel que estabelece que a aprendizagem ocorre por assimilação de novos conceitos e proposições na estrutura cognitiva do aluno. Os mapas são metodologias ideais em disciplinas que envolvem diversos conceitos, pois são úteis na organização dos mesmos, transformando-os em conhecimentos significativos. Este estudo teve como propósito discutir a importância desta ferramenta na sala de aula. Para tal, analisou-se os mapas conceituais feitos pelos alunos de diversas séries do Ensino Médio do Colégio Estadual Glorita Portugal, localizado no bairro Eduardo Gomes no município de São Cristóvão/Sergipe. Esta análise foi essencialmente qualitativa. O professor, ao invés de preocupar-se em atribuir um escore ao mapa traçado pelo aluno, procurou interpretar a informação dada pelo mesmo no mapa a fim de buscar evidências de aprendizagem significativa. Não foi avaliado o mapa em si, mas todo o processo de construção: explicações do aluno, orais ou escrita. Concluiu-se que houve uma evolução no processo na construção do conhecimento com base na teoria da aprendizagem significativa. Observou-se que os mapas conceituais proporcionaram interações entre os diversos conceitos trabalhados em classe, facilitando o aprendizado dos discentes. Os mapas conceituais são dinâmicos, promovem interações de idéias e de conceitos, podem motivar os alunos a tornar a aprendizagem significativa e podem ser utilizados como ferramenta de avaliação do processo ensino-aprendizagem.


AUTORIDADE, TEOLOGIA E EVIDÊNCIA: O CASO GALILEU

Deivide Garcia da Silva Oliveira (Graduado em Filosofia, UFS; GE2C)

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Hugo Menna


Este tema se desenvolve em virtude da necessidade de um olhar diferente acerca de certos aspectos científicos do séc XVII, mais especificamente, àqueles envolvidos no debate entre duas teorias astronômicas concorrentes deste período, a saber, o heliocentrismo defendido por Galileu e o geocentrismo defendido por Aristóteles, Ptolomeu, Tycho Brahe, a Igreja e a muitos acadêmicos e estudiosos da época. Normalmente, acredita-se que Galileu foi vivamente injustiçado pela sua época, entretanto, o que se pretende expor neste trabalho como objetivo principal de defesa, é que não houve tanta injustiça assim, quando se afirmava que não havia provas conclusivas a favor de Galileu e do sistema astronômico geocinético, por ele defendido, isto é, a injustiça acometida a Galileu foi a de tê-lo condenado, simplesmente porque ele possuía uma visão científica diferente da época, mas, não no que diz respeito a sua posição quanto às “provas” do sistema astronômico real, por ele exposto. Nestes termos, esta pesquisa se justifica em duas medidas diferentes. Primeiro, enquanto uma visão alternativa e pouco costumeira acerca do caso Galileu, seus argumentos e experimentos; favorecendo conseqüentemente o progresso do conhecimento humano, ao passo em que se introduz uma visão bilateral do tema. Segundo, para os filósofos da ciência especificamente, o texto traz uma abordagem das “provas” de Galileu e do geocentrismo, de uma maneira que permite a reavaliação epistemológica das duas teorias astronômicas, trazendo então à tona, uma discussão contextualizada do que defendia Galileu e os seus opositores, favorecendo assim, para o desenvolvimento de pesquisas na área.



EPISTEMOLOGIA E RELIGIÃO EM HUME: UMA LEITURA DOS DIÁLOGOS SOBRE A RELIGIÃO NATURAL

Derley Menezes Alves (Mestre em Filosofia pela UFPR/ GE2C)

Hume pretende no Tratado construir uma ciência da natureza humana. Sendo o fenômeno religioso fundamentalmente humano, a religião torna-se um aspecto da natureza humana, passível de enquadrar-se como parte desse projeto humiano. Claro que Hume está consciente dos riscos inerentes a uma tal abordagem. Prova disso é o cuidado com que seus textos sobre religião são escritos cheios de estratégias e subterfúgios de modo a evitar qualquer evidência de ateísmo ou blasfêmia, ao mesmo tempo em que há uma pretensão de deslocar o debate de conteúdos teológicos ou doutrinários para as bases humanas do fenômeno religioso. Nosso objetivo é estabelecer o fundamento epistemológico das analises humianas acerca da religião, tomando como base a obra Diálogos Sobre a Religião Natural. De modo a fazer isso procederemos inicialmente a uma breve análise da teoria humiana do conhecimento, de modo a estabelecermos as bases epistemológicas que permitirão a Hume tratar do fenômeno religioso de forma desvinculada de qualquer visão teológica especifica.




O CETICISMO, O CONFIABILISMO-DO-AGENTE E AS ALTERNATIVAS RELEVANTES

Elaine Caroline do Nascimento Libório (graduanda em Filosofia, UFS/GE2C/bolsista Pibic/CNPq);
kuolema7@hotmail.com

Orientador: Alexandre Meyer Luz (DFL – UFS)

ceticismo, confiabilismo do agente, alternativas relevantes, John Greco.

O ceticismo filosófico é a tese que ataca a possibilidade do homem estar justificado em obter conhecimento, e é tarefa da epistemologia definir as condições e as fontes do conhecimento. Se quisermos fazer uma epistemologia positiva (ou seja, uma que afirme que é possível conhecer) temos que atacar de alguma forma o problema cético. Uma dessas tentativas de ataque foi-nos dada por John Greco em seu livro “Putting Skeptics in their Place”. Greco, na verdade, não ataca diretamente o argumento cético, mas o evita; ele desconsidera algumas condições que eram consideradas necessárias para se obter conhecimento e que encaminhava-nos para conclusões céticas, colocando assim “o cético em seu lugar”. Nesta empreitada, Greco segue um caminho confiabilista. A tese que ele propõe, tendo em vista o aprimoramento do confiabilismo simples, é o Confiabilismo do Agente. Ele propõe (e será em parte reconstruído neste trabalho) uma análise de argumentos céticos historicamente proeminentes para reconhecê-los como argumentos importantes e úteis dentro da filosofia reconstruindo-os na sua forma mais poderosa, para que possamos construir uma teoria do conhecimento e da justificação que esteja livre destes argumentos. Nosso trabalho deverá analisar a estrutura dos argumentos céticos, especificamente o argumento cético cartesiano, e reconstruir o caminho anticético proposto por Greco para uma epistemologia positiva, apresentando a teoria do Confiabilismo do Agente (que faz uma ponte entre o confiabilismo e a epistemologia da virtude) e a teoria das alternativas relevantes, mostrando como estas evitam o argumento cético.


O IDEAL DE DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE CONHECIMENTO

Elisvaldo Pereira Santos (Graduação em Filosofia, UFS/Bolsista de Monitoria/GE2C)

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Meyer Luz (DFL/UFS/GE2C)


É posição corrente em Teoria do Conhecimento que o termo “conhecimento” ainda não está completamente definido. Tendo em vista que a tentativa de definição deste termo ocupa um grande espaço nessa área (por conta da dificuldade em lidar com as inúmeras variações de casos de tipo-Gettier), este trabalho tem como objetivo defender que a falta de uma definição última do termo conhecimento não implica em paralisia ou em permissividade teórica. Claro que uma discussão racional é impossível sem uma boa definição dos conceitos utilizados; todavia, receamos que no caso do termo conhecimento, o Ideal de Definição última possivelmente não será atendido. De qualquer modo, aceitar que o Problema de Gettier possivelmente não terá solução definitiva não implica que devamos parar de fazer Teoria do Conhecimento, pois, é possível trabalhar relativamente bem com a definição canônica do termo (para a qual “conhecimento” equivale a crença verdadeira justificada) e, deste modo, produzir trabalhos significativos em áreas, tais como a Teoria da Justificação, o Ceticismo e a teoria da Racionalidade. Neste sentido, pretendemos defender que o Problema de Gettier foi útil historicamente por nos obrigar a repensar questões epistemológicas tradicionais (como o caráter da justificação epistêmica, da estrutura do conhecimento, de suas fontes, do ceticismo, etc), todavia, o fato de não podermos respondê-lo não implica em paralisia teórica nem no ‘vale tudo’ conceitual.


CIENTIFICIDADE DA PSICANÁLISE LACANIANA: UMA ANÁLISE DESCRITIVO-GRAMATICAL DO AFORISMO O INCONSCIENTE É ESTRUTURADO COMO UMA LINGUAGEM*

Gutiere Cardoso de Lima (Especialista em Filosofia, UFS/ GE2C)

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Gomes de Siqueira (Departamento de Filosofia, UFS/GE2C).

Palavras-Chave: cientificidade da psicanálise, descrição gramatical, inconsciente, significante.


É dado que desde o surgimento da psicanálise com Sigmund Freud, essa disciplina se encontra no cerne de uma polêmica no que diz respeito à sua cientificidade. Ao longo de sua vida como pensador, Freud supõe que uma contribuição fundamental da psicanálise fora o desenvolvimento de um método para se abordar cientificamente os fenômenos psíquicos. Em específico o conceito de Inconsciente assume lugar central na teoria psicanalítica como base dos processos psicológicos. Já no século XX, um dos psicanalistas que mais se destacou no movimento psicanalítico foi o francês Jacques Lacan. A psicanálise Lacaniana, a partir do século XX, se expandiu intensamente na Europa e atualmente é uma prática clínica bastante difundida. Lacan tem sido referência para muitos psicanalistas que consideram original sua leitura obra de Freud, bem como fecundas suas inovações no campo psicanalítico. Lacan, que releu o trabalho de Freud na interface com outras disciplinas, a exemplo da lingüística de Saussure, propôs em um de seus aforismos que o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Daí constata-se a importância que determinada concepção de linguagem vai assumir na sua compreensão dos fenômenos psicológicos. Supõe-se que com isso que Lacan pretendia aparelhar sua teoria e dar maior contorno, isto é, precisão a conceitos cruciais da psicanálise. Diante dessa empreitada de Lacan que nos propusemos nesse trabalho a realizar uma descrição gramatical do aforismo lacaniano acima citado. A descrição gramatical é uma abordagem filosófico-metodológica decorrente de idéias do filósofo vienense Ludwig Wittgenstein. Wittgenstein é considerado por alguns comentadores, o principal responsável pela virada lingüística na filosofia. Essa virada consistiu, de um modo geral, em conceber a linguagem como fundamento do mundo. Esse filósofo compreende que os problemas filosóficos se originam quando conceitos são utilizados de acordo com regras conflitantes e a resolução de tais problemas consiste na descrição das regras de uso de tais conceitos com a finalidade de se obter uma visão panorâmica das conexões entre essas regras. Quanto às considerações acerca da análise do aforismo destacam-se alguns pontos: depreendeu-se que embora a psicanálise lacaniana e a lingüística se relacionem de modo muito próximo, Lacan não faz lingüística, mas vai aparelhar sua teoria a partir dessa disciplina. Constatou-se que ao mesmo tempo que se aproxima, Lacan também modificou regras de uso de alguns conceitos da lingüística criando uma nova gramática para eles. É importante mencionar que mesmo tomando como base o conceito saussureano de signo, algumas vezes Lacan recorre à definição sígnica de Charles Peirce. Nessa imersão na lingüística saussureana, o conceito de significante vai assumir uma relevância central na teoria de Lacan e este difere de Saussure na medida em que coloca o significante num lugar de primazia no signo lingüístico ao ponto de tornar esses dois conceitos intercambiáveis. Retirando o significante de uma relação de igualdade para com o significado Lacan modifica uma regra de uso para o signo assim como para o significante alterando suas significações. Um dos fatores que pode contribuir para a confusão quanto ao conceito de significante é sua dupla origem, pois Lacan encontra em Freud conceitos que corresponderiam ao significante: Wahrnehmungszeichen e Vorstellungrepresentanz. Quanto à materialidade do significante Lacan vai unir duas concepções contraditórias, pois, nesse autor o significante vai ser ao mesmo tempo material, herança do conceito freudiano de símbolo mnêmico, mas também vai ser diferencial, baseando-se na noção de estrutura faltante da cadeia de significantes, herança de Saussurre. Desse modo, constata-se que Lacan consegue apenas com algum sucesso aparelhar melhor a teoria psicanalítica, pois introduz de modo bastante original conceitos provenientes de outra disciplina para descrever vivências interiores, por outro lado sua formulação teórica, no que tange ao aspecto mencionado acima se encontra em meio a nós conceituais que prescindem de maior clareza, o que põe em xeque a investida lacaniana de que a psicanálise alcance o estatuto de ciência.



PEIRCE: PRAGMATISMO E LÓGICA ABDUTIVA

José Fredson Souza Silva (Mestrando em Filosofia – UFBA/ Bolsista FAPESB)
fredsonsou@hotmail.com

Palavras-chaves: Pragmatismo; Lógica; Abdução.

Peirce é figura determinante no desenvolvimento do pensamento filosófico nos Estados Unidos, foi o primeiro filósofo norte-americano a pensar um método original de se fazer filosofia, - o Pragmatismo. Segundo ele, o pragmatismo deve considerar conseqüências práticas produzidas pelos objetos de nossa concepção, afim de acentuar as ligações entre o pensamento e a ação. É um método essencialmente lógico, porém, ele acrescenta um outro método de inferência além da dedução e da indução o qual ele chama de abdução, que tem como propósito inferir uma conclusão experimental a partir de uma regra geral com a finalidade de explicar um fato particular observado. É um ato de insight, contudo, extremamente falível configurando-se em um processo contínuo, sendo assim a verdade torna-se algo transitório que pode ser questionado ou até negado, e isso somente é possível em virtude de se entender a crença como um hábito de ação.


DO PRINCÍPIO DA EXIGÊNCIA CONTEXTUAL DA JUSTIFICAÇÃO (ECJ): ELEMENTOS PARA UMA ABORDAGEM CONTEXTUALISTA DA TEORIA DO CONHECIMENTO

Gustavo Almeida de Azevedo (graduando em Filosofia – UFS /PIBIC /GE2C)

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Gomes de Siqueira (DFL- UFS/GE2C)

Segundo a visão de De Rose, que toma como ponto de partida uma idéia de Peter Unger, a teoria contextualista de atribuição do conhecimento pretende defender uma visão variantista de se atribuir conhecimento em oposição a uma visão invariantista, que se divide em invariantismo cético e não-cético. Os partidários dessa teoria pensam que a força de justificação que se requer para atribuímos conhecimento a alguém varia de acordo com o contexto, na medida em que é aumentado o grau de exigência. Para tanto devemos considerar três fatores que alteram as condições de verdade, não apenas o valor de verdade e que sua relevância é determinada pelo contexto. Que são: a importância de estar certo, o fato de se mencionar uma possibilidade que anule a pretensão e o fato de se considerar uma possibilidade desse tipo, sem excluir que a pretensão seja de fato verdadeira para podermos atribuir conhecimento. Devemos fazer uma distinção entre dois fatores; atributivos e subjetivos. Os fatores atributivos que dizem o quão boa é posição do sujeito que se pretende conhecedor deve estar, que depende da exclusão das possibilidades relevantes que tornariam falsa uma proposição enunciada pelo sujeito para que seja lhe atribuído conhecimento e os subjetivos que determinam se esse sujeito atinge essa posição, se o sujeito satisfaz as condições de verdade determinadas pelo contexto.

GRAMÁTICA DO CONTEXTUALISMO: FATORES CONTEXTUAIS QUE AFETAM AS CONDIÇÕES DE VERDADE PARA UMA ATRIBUIÇÃO DE CONHECIMENTO

Jeane Vanessa Santos Silva (graduanda em Filosofia – UFS/ PicVol/ GE2C)

Orientador: Dr. Eduardo Gomes de Siqueira (DFL- UFS/GE2C)

Palavras-chave: contextualismo, atribuição de conhecimento, condições de verdade, invariantrismo.

Assumindo que conhecimento é crença, verdadeira, justificada resistente a problemas tipo Gettier, questiona-se em que medida esta definição se aplica com a mesma força em qualquer contexto. Diante de tal indagação somos incitados a analisar, as variações contextuais que se apresentam como cenário para as proposições, ao passo que examinamos que influência essas variações têm nas condições de verdade para atribuição do conhecimento. Partindo da idéia de que as condições de verdade são regras a serem satisfeitas para que o conhecimento seja atribuído, inquire-se como estas regras se estabelecem e neste ponto recorremos a teoria wittgensteiniana que defende a investigação das regras pelos usos dinâmicos das formas lingüísticas de cada contexto. Desta defesa surge então o mote de toda discussão contextualista, a saber, se fatores contextuais são capazes ou não de alterar as condições para atribuição do conhecimento; é neste ponto que se tornam visíveis, seguindo uma terminologia apresentada por Unger e utilizada por DeRose, qual seja, o variantista e o invariantista. O variantista se mostra com uma espécie de contextualista, enquanto o invariantista nega o contexto como fator relevante para as condições de verdade, na medida em que propõe regras fixas a serem satisfeitas; DeRose os chama numa forma mais geral, de invariantistas céticos e não céticos. De maneira concisa queremos defender, por hora, que são os usos que estabelecem as regras e que estas formam a gramática particular a cada contexto, e que esta ‘legislação’ se forma direcionando as condições de verdade para a atribuição do conhecimento, mas sem que isso implique em relativismo, ceticismo ou ainda, impeça a crítica.

QUINE E A TESE DA INDETERMINAÇÃO DA TRADUÇÃO

Karen Giovana Videla da Cunha Naidon (Graduanda em Filosofia, UFSM)
karengvidela@yahoo.com.br

Orientador: Prof. Dr. Dirk Greimann

Palavras-chave: Quine. Behaviorismo semântico. Tese da indeterminação da tradução.

A pesquisa na qual está inserido o presente trabalho tem como tema a crítica feita por Donald Davidson à teoria do significado e da verdade de Quine. Todavia, em virtude do estágio ainda inicial em que se encontra dita pesquisa, será apresentada, no presente trabalho, uma reconstrução da tese da indeterminação da tradução sustentada por Quine, decorrente, pode-se dizer, de sua postura naturalista e de sua conseqüente concepção behaviorista da linguagem. O trabalho será dividido, portanto, em três partes principais. Na primeira delas, será feita uma breve recapitulação da crítica quineana à semântica mentalista, segundo a qual os significados estariam determinados na mente do falante, isto é, nela é que sentenças seriam correlacionadas com seus significados, sendo necessária a introspecção como método de investigação. Na segunda parte, será apresentada a concepção behaviorista da linguagem sustentada por Quine, conforme a qual significados seriam determinados, não na mente, mas na superfície sensorial do falante. É nesse sentido que Quine constrói a noção de significado-estímulo de uma sentença, que resumiria as disposições do falante para assentir ou dissentir a ela frente a determinadas situações estimulativas. O método de investigação seria, portanto, a observação dos agentes externos que atuam sobre os sentidos do falante, bem como de seu comportamento publicamente observável, atendendo, assim, ao naturalismo metodológico quineano, que determina a adoção, por parte da filosofia, dos métodos intersubjetivos utilizados pelas ciências naturais. Na terceira e última parte, será reconstruída uma das conseqüências dessa concepção de linguagem, a saber, a tese da indeterminação da tradução, segundo a qual podem ser construídos diferentes manuais de tradução de uma língua para outra, todos incompatíveis entre si, mas compatíveis com as disposições dos falantes para o comportamento verbal. Para a elaboração deste trabalho, serão considerados, dentre os escritos de Quine, sobretudo “Word and Object” e “Ontological Relativity”.

CONHECIMENTOS E CIÊNCIAS: UMA PERSPECTIVA DIALOGISTA SOBRE O “LUGAR” DA CIÊNCIA A PARTIR DO DEBATE UNIVERSALISMO VERSUS MULTICULTURALISMO.

Kleyson Rosário Assis
(Doutorando em Ensino, Filosofia e História das Ciências, (UFBa-UEFS))

kleysonassis@hotmail.com

Palavras-chave: Universalismo, multiculturalismo, verdade, Davidson, Habermas.


O trabalho pretende refletir sobre um debate que tem desafiado filósofos e cientistas teóricos: por um lado, uma visão universalista epistemológica das ciências, que parte do princípio de que a ciência é una, tem um local e uma data de nascimento mais ou menos mapeado, aproximadamente no século XVI na Europa, fundamentada na moderna racionalidade européia; por outro lado, a perspectiva multiculturalista (e no extremo relativista) que aponta para a diversidade epistemológica elaborada a partir de distintas culturas humanas, que são incomensuráveis, possui diferentes caminhos para o conhecimento, métodos distintos de apreensão da realidade e são tão legítimas e dignas quanto a ciência hegemônica. O embate entre universalistas e multiculturalistas passa por uma reflexão acerca da noção de racionalidade e verdade, que não se reserva somente ao campo teórico, mas que, uma vez que essas noções se modifiquem, possivelmente modifiquem as práticas humanas. Portanto, é preciso pensar como um modelo de sociedade com princípios universalistas pode se relacionar no seu próprio seio com a pluralidade de vozes multiculturais sem recorrer a princípios metafísicos? Quais critérios podem-se se estabelecer entre membros de diferentes comunidades, sejam elas lingüísticas, científicas ou culturais, acerca da verdade? Diante do descompasso entre universalistas e multiculturalistas, sugiro o que seria uma “terceira via”: a partir do dialogismo habermasiano-davidsoniano, defendo a idéia de que existe apenas um mundo natural e que sobre ele, independente de termos crenças e linguagens diferentes, podemos chegar a um acordo intersubjetivo.

ALÉM DA CONFIABILIDADE: PLANTINGA E SOSA, DESIGN OU VIRTUDE?

Luis Fernando dos Santos Souza (Graduando em Filosofia, UFS/Monitoria/GE2C)
luisfernandoefil@yahoo.com.br

Palavras-Chave: Externalismo, confiabilismo, garantia, virtude intelectual

Orientador: Alexandre Meyer Luz

Nossa comunicação versará sobre duas teorias da justificação epistêmica externalistas, isto é, teorias que reconhecem em fatores que não são transparentes à consciência (e neste sentido externos) do sujeito epistêmico podem ser suficientes para a justificação ou para a garantia [warrant] de algumas crenças. Nosso objetivo é o de traçar um paralelo entre a teoria de Alvin Plantinga e a de Ernest Sosa. Ambos, na esteira do confiabilismo de Alvin Goldman, desenvolvem alternativas que visam imunizar o confiabilismo das críticas contundentes que sofrem dos internalistas, seus concorrentes teóricos. Com Plantinga veremos a noção de função apropriada [proper function] e com Sosa o conceito de, ambos desenvolvimentos da noção goldmaniana de confiabilidade, e avaliaremos se estas noções são capazes de enfrentar desafios anti-externalistas consagrados.


QUINE, CÉTICO?

Dr. Marcos Bulcão Nascimento (USP/FAPESP)
bulcao71@uol.com.br

Palavras-chave: naturalismo – Quine — pirronismo – ciência – empirismo

Poderia a postura naturalista quineana ser, de algum modo, aproximada de uma postura cética? A um primeiro olhar, pareceria que não, dado que o próprio Quine critica e rejeita explicitamente a posição cética. Com efeito, Quine descreve o cético como alguém que repudia a ciência, enquanto ele, Quine, considera a ciência nosso instrumento mais eficaz para conhecer o mundo. Segundo Quine, tal repúdio da ciência pelo cético baseia-se fundamentalmente na ênfase concedida às ilusões dos sentidos. Não sendo inteiramente confiáveis, o cético declara os sentidos incapazes de fornecer o conhecimento das coisas como elas realmente são. Ora, Quine vai criticar o cético dizendo que, na verdade, ele está tendo uma reação exagerada em relação aos problemas com que ele se depara. Porque as dúvidas que o cético levanta em relação à confiabilidade dos sentidos são dúvidas que são internas à nossa própria ciência e, portanto, podem e devem ser tratadas com os recursos dessa mesma ciência. Isto é, assim como a ciência mostrou que os sentidos por vezes nos enganam, ela também pode explicar como e por que, por vezes, eles nos enganam; isto é, por meio da própria ciência podemos aprender a detectar as causas desses erros e tentar prevenir-nos dos mesmos. Quine acha, assim, a posição cética extremada e por isso a rejeita. Em oposição a ela, ele defende o naturalismo. Devemos, entretanto, examinar se a posição defendida por Quine realmente se opõe àquela que defenderia o cético, ao menos um cético pirrônico. De fato, devemos examinar se a oposição declarada entre Quine e o cético não é uma “oposição de superfície” ou se, ainda, não é uma oposição nascida de uma certa concepção de ceticismo que dificilmente faz justiça à concepção cético-pirrônica. De fato, se constatarmos: Que um pirrônico, como um quineano, recusa uma filosofia primeira, capaz de oferecer um ponto de vista privilegiado, capaz de fundar, de fora, o conhecimento do mundo e das coisas; Que, como um quineano, um pirrônico recusa a idéia de que há uma descrição definitiva e acabada do mundo, a idéia de que a ciência venha a se tornar, mesmo no limite, um conhecimento das coisas em si mesmas; Que, finalmente, também um pirrônico concede amplo privilégio ao método empírico e à permanente auto-crítica, isto é, considera todo “conhecimento” como um empreendimento não apenas empírico, mas fundamentalmente tentativo e sujeito à permanente crítica e correção; Então nos devemos perguntar se, afinal, a posição cética difere assim tão profundamente da alegada postura naturalista quineana ou se, ao contrário, possuem elas um parentesco tão forte quanto inesperado. O que queremos ainda é, seguindo Porchat, examinar a possibilidade de dizer que um pirrônico moderno bem poderia ver as teorias científicas modernas como uma espécie de sofisticação das antigas tékhnai, e o método científico-empírico da ciência moderna como uma sofisticação do método empírico das tékhnai que o pirronismo explicitamente adota. Nesse caso, poderia ser dito do pirronismo que é um “naturalismo avant la lettre”?


PLANTINGA E A RACIONALIDADE DA CRENÇA EM DEUS

Moacir Ribeiro da Silva (graduando em Filosofia, UFS/ GE2C)
moacirfilosofando@hotmail.com

Orientador: Dr. Alexandre Meyer Luz (DFL – UFS/ GE2C)

Palavras - chaves: Epistemologia reformada, Externalismo, Garantia.

É possível que seja racional acreditar em Deus? Há possibilidade de um olhar epistemicamente positivo para a crença em Deus? Do ponto de vista do filósofo americano Alvin Plantinga um dos expoentes da corrente chamada de “Epistemologia Reformada”, é possível . Plantinga tenta mostrar que aquilo que foi sedimentado no terreno das reivindicações de que não é racional ou racionalmente aceitável crer em Deus foi construído sobre bases inadequadas. Em seu modelo epistemológico, ele defende que a “crença em Deus é apropriadamente básica”; sendo assim, há uma garantia basilar racional, e os que tentaram falar sobre este assunto fundamentaram - se em hipóteses. Sua linha de ataque está direcionada para a tradição fundacionista moderna, baseada nas torres gêmeas Locke e Descarte (como as chama). Assim, esta comunicação tem como objetivos, apresentar uma breve descrição dos principais pontos da posição da epistemologia reformada de Alvin Plantinga, para sustentar a possibilidade da racionalidade da crença em Deus.


AS FRONTEIRAS DO MÉTODO POPPERIANO

Rafael Gomes de Araujo (Licenciando em História pela UERJ – FFP).

Orientadora: Nelma Garcia de Medeiros

Palavras-chave: epistemologia, fronteiras, metodologia, Karl Popper, Paul Feyerabend.

Este trabalho tem como objetivo discutir alguns conceitos de Popper e sua metodologia epistemológica acerca da demarcação entre a ciência e a não ciência, buscando focalizar a sua concepção de fronteira, de parâmetro do método, disciplinar e “dogmática”, que o autor usa em sua obra. Em contrapartida será usado como ponto de demarcação, idéias de um contemporâneo de Popper, o filósofo da ciência austríaco Paul Karl Feyerabend, com sua concepção contra-metodológica de ciência e de conhecimento. Usando o pensamento popperiano, vemos a preocupação com a demarcação do que é ciência e do que é não-ciência, com claras divergências com o pensamento de Feyerabend, que parte do principio de uma não demarcação, sendo conhecido como “um anarquista na ciência”. Podemos assim analisar a profundidade, eficácia e principalmente a utilidade desses critérios e deste rigor de demarcação, partindo de alguns pressupostos do próprio Popper, como a crítica construtiva da ciência. Notamos em Popper uma grande preocupação com os critérios de demarcação, que definem e fecham as possibilidades de se adquirir conhecimento e de se fazer ciência. Para Popper o principal problema da ciência é justamente o problema da demarcação, que gera, para ele, todos os outros problemas da teoria da ciência, inclusive um problema que vai ser alvo de críticas e é considerado chave para entender o pensamento de Popper, o problema da indução. Com a latente preocupação da crítica, Popper aponta as principais falhas nos critérios de demarcação vigentes e propõe mudá-los. Com isso, mostra novas maneiras de fazer o jeito antigo. Popper propõe uma mudança drástica na maneira de se “pensar ciência”, privando-se propositalmente do “como pensar ciência”, dizendo que este ponto não faz parte do pensamento da Lógica da Ciência. Com isso Popper mais uma vez traça uma fronteira, cortando e separando o que chama de “Lógica do Conhecimento” e “Psicologia do Conhecimento”. Como grande pensador do século XX, Sir Karl R. Popper segue a tradição da qual está inserido e se preocupa nitidamente em critérios os quais Feyerabend critica: o método, a fronteira, a ciência e ainda o próprio conhecimento. Estas fronteiras são hoje alvos de inúmeras discussões acerca do que são e quais as suas validades como tais. Conceitos como “disciplina”, “interdisciplinar”, “ciência” e “não ciência”, estão sendo repensados e reformulados, ampliados e até mesmo ruindo para alguns pensadores, como Ilya Prigogine e Isabelle Stengers. É válido retomar as posições de Popper e Feyerabend, já que podemos considerá-las testemunhas de questões que retomam e representam um debate contemporâneo: o primeiro marcado por uma posição rígida de fronteiras entre ciência e não ciência; o segundo com sua posição contra-metodológica, que hoje vem sendo mais difundida e defendida por muitos, tendo como intuito mostrar este debate e concluir sobre suas conseqüências e transformações do confronto ideológico no início do século XXI.

DARWIN E A MUDANÇA LINGÜÍSTICA

Dra. Raquel Meister Ko. Freitag (Universidade Federal de Sergipe)
rkofreitag@uol.com.br

Palavras-chave: Evolução. Paradigma. Mudança lingüística. Língua.

O pensamento evolucionista tem fomentando acerbadas discussões desde que o naturalista inglês Charles Darwin publicou, em 1859, o livro A Origem das Espécies. A teoria darwinista é, em essência, interdisciplinar: a revolução evolucionista não se restringiu às ciências da vida: teve lugar nos diversos campos do conhecimento, da física à geologia, seduzindo pensadores dos mais diversos matizes, exatamente por representar uma completa reviravolta em nossa compreensão sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor. Os debates na comunidade científica sobre a teoria da evolução continuam. Neste texto, discuto uma proposta de abordagem evolutiva para a mudança lingüística. Evolução é uma palavra que costuma ser associada à mudança “para melhor”’, aperfeiçoamento. E a língua melhor, aperfeiçoa-se, adapta-se às pressões comunicativas do contexto. Por isso, a adoção de uma abordagem evolutiva para a língua é pertinente. É possível traçar paralelos entre evolução biológica e evolução lingüística, considerando as alterações no mecanismo das línguas, seu sistema de sons e categorias gramaticais. A adoção de um modelo evolutivo para a mudança lingüística, inspirado no modelo de Darwin, parte do pressuposto de que a evolução se dá por seleção natural. Ou seja, a diversidade das espécies decorre da variação entre os indivíduos, que surge ao acaso, e apenas as variantes das espécies mais adaptadas ao ambiente são selecionadas. No curso do processo, os indivíduos transmitem as características bem sucedidas da adaptação aos seus descendentes. É um modelo de replicação: uma variante da espécie desenvolve uma característica que a torna mais adaptada ao ambiente, característica que é replicada nos descendentes da variante, tornando, com o passar do tempo, a espécie como um todo mais adaptada. Considerando que é uma teoria de mudança por replicação, a evolução pode, por hipótese, ser aplicada a qualquer fenômeno que muda por replicação. A origem do modelo ocorreu na biologia, partindo do pressuposto de que a replicação ocorre através da reprodução pelos organismos, e o mesmo se aplicaria à língua. De acordo com Kuhn (1962), o desenvolvimento científico se dá mediante a interação de estruturas teóricas – paradigmas – que guiam o conjunto de atividades promovidas pela ciência normal. O paradigma se mantém à medida em que vai resolvendo problemas de modo eficiente, mas entra em crise quando passa sistematicamente a falhar, ou quando surgem anomalias que geram descobertas. Então novas propostas pré-paradigmáticas surgem, e caso alguma se mostre suficientemente mais promissora, vai ganhando adeptos, se expandido e consolidando até superar o paradigma anterior. A teoria da evolução darwiniana pode ser considerada um paradigma. Um paradigma é uma teoria geral goza de aceitação geral na comunidade científica. O paradigma unifica as diversas especialidades que se constituem na comunidade científica e guia a pesquisa em todas elas. Zoólogos, botânicos, geneticistas, biólogos moleculares, paleontólogos – e também os lingüistas! – desenvolvem suas pesquisas objetivando o preenchimento dos detalhes do paradigma darwiniano.

A NECESSIDADE DA MORTE PARA A OBTENÇÃO DO CONHECIMENTO, NO FÉDON DE PLATÃO

Reinildo Muniz da Silva (Graduando em Filosofia – UEPB)
reinildo_ms@hotmail.com

Orientadora: Profª.: Solange Norjosa - UEPB

Palavras-chaves: Morte, imortalidade da alma, conhecimento, Teoria dos contrários, Teoria das idéias.

RESUMO: A presente pesquisa visa apresentar um Platão pouco assentado pela interpretação tradicional, isto é, um Platão sem a ótica mítico-religiosa, um Platão não órfico-pitagórico, livrando-o, deste modo, das leituras tendenciosas e permitindo uma leitura propriamente filosófica acerca da perspectiva platônica. Demonstraremos que no Fédon, a trajetória platônica ao elucidar a imortalidade da alma como uma simbolização da separação corpo-alma, servirá para demonstrar a necessidade da “morte” para a obtenção do conhecimento verdadeiro, pois o corpo, na visão do filósofo, é um entrave no caminho da busca pelo Ser em si. Apresentaremos, sobretudo, o verdadeiro significado da imortalidade da alma, apresentada por Platão através da teoria das idéias, da teoria dos contrários, da participação, até a teoria do conhecimento explicitada no diálogo A República, onde o filósofo demonstrará por meio de metáforas e alegoria, a ascendência da alma nos distintos graus de conhecimento por intermédio da ciência mais elevada a dialética.



NIETZSCHE E WEBER COMO CRÍTICOS DO CONHECIMENTO: DOIS HOMENS DE UM MESMO MUNDO, DOIS MUNDOS

Renarde Freire Nobre (prof. adjunto departamento de sociologia e antropologia)
fnrenarde@gmail.com

palavras-chave: conhecimento, consciência, verdade, ciência

Esta comunicação visa a uma abordagem comparativa a respeito do tema do conhecimento em dois expoentes da teoria da cultura, entre o final do século XIX e o início do século XX, na Alemanha: Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Max Weber (1864-1921). Ambos foram críticos destacados da cultura moderna e irmanados no sentimento da "morte de deus" e do "desencantamento do mundo", mas produziram suas idéias a partir de pressuposições e com objetivos distintos, não só por conta da disparidade entre o filósofo (Nietzsche) e o cientista (Weber), mas também e sobretudo por conta de diferentes entendimentes a respeito de três aspectos centrais presentes em qualquer debate mais aprofundado sobre o tema do conhecimento: a questão da consciência, da linguagem e da verdade. Mais precisamente, o entendimento é o de que, em torno dos três aspectos, organiza-se a disparidade entre uma visão "racionalista" do conhecimento, tal como propugnada por Weber, em contraste com uma visão "transracionalista", como prefiro chamar a concepção nietschiana. A hipótese comparativa geral, a ser destrinchada pelo tratametno dos três aspectos acima, é a seguinte:há uma forte afinidade entre os pensadores sobre a questão da integridade ou honestidade como posição última do espírito perante si e o mundo, o espírito solitário e sem-Deus, cujas "verdades" o levam para longe da"tradição" mas tbém do "romantismo". No entanto, enquanto a posição nietzschiana é codificada pelo traço da "extemporaneidade", a weberiana o é pelo traço da "contemporaneidade". A compreensão da diferença requer considerar-se que o exercício da integridade se dá em relação à distintas weltanschauungen: o cosmos natural nietzschiano, em relação ao qual afirma-se um "caráter", e o cosmos cultural weberiano, em relação ao qual afirma-se uma Avocação". Se os dois concordam que deveriam dar conta dos seus destinos, reconheceram-se em relação a mundos e destinos bem diferentes: o Dämon de Neitzsche era o cosmos das forças inauditas, como pletora de impulsos performadores de uma existência, e o Dämon de Weber era a civilização com sua pletora de cultivações objetivas, a ciência em especial.


CONHECIMENTO NATURAL E CONHECIMENTO PROFÉTICO EM SPINOZA

Selma de Sá Barros (graduada em Filosofia, UFS)

Orientador: Prof. Dr.. Márcio Gimenes de Paula

Palavras-chave: Deus, natureza, profetas, liberdade, razão, imaginação, fé, idéias claras e distintas, verdade, conhecimento natural e conhecimento profético.

O escopo deste trabalho é expor, de forma embasada, a questão dos conhecimentos natural e profético em Spinoza, tomando como base os 3 (três) primeiros capítulos do Tratado Teológico Político, em que o filósofo judeu expõe alguns problemas decorrentes das más interpretações dos homens acerca do verdadeiro sentido ou essência das coisas. Segundo ele, quando um homem não se utiliza da sua razão (conhecimento universal), ele não conhece a ordem necessária da natureza e consequentemente não obterá o conhecimento de Deus. Assim sendo, partirá da imaginação, de suas opiniões para interpretar a ação natural de todas as coisas, posto que as adequam de acordo com suas vontades efêmeras, acarretando no afastamento do conhecimento verdadeiro da Substância primeira, por acreditarem que esta está em um mundo transcendente a este, sendo ela a causadora de todos os males ou bens que acometem a humanidade. Deste modo, Spinoza busca uma explicação a partir da interpretação racional da Bíblia, tomando como foco alguns profetas (que se utilizavam de um conhecimento particular, pautado numa fé embevecida de interesses políticos), a fim de reconstruir a idéia de uma razão apta a estar em harmonia com o todo do qual ela faz parte, obtendo, assim, um conhecimento natural (para todos); uma razão que fosse capaz de compreender a necessidade de todas as coisas de uma forma coerente com a leis da natureza e não de acordo com as leis dos homens envoltos de preconceitos, instaurando uma visão de mundo pautada nas relações que a Substância ou Deus mantêm com toda a natureza, e dessa maneira, alcançar o conhecimento verdadeiro, natural, a partir de idéias claras e distintas, que levarão a construção de uma sociedade livre e justa.


USO DE MAPAS CONCEITUAIS COMO METODOLOGIA PARA REVISAR CONTEÚDOS

Tainan Amorim Santana (Graduanda em Ciências Biológicas/ UFS; GEPEASE, GEPEC)
tainan_biologia@yahoo.com.br
Ann Letícia Aragão Guarany (Graduanda em Ciências Biológicas/ UFS; GEPEASE, GEPEC)
annleticia@hotmail.com
Lívia de Rezende Cardoso (Mestranda em Educação; Profa. substituta do DBI-UFS)
liviabiol@hotmail.com

Palavras- chave: Mapa Conceitual, Ensino de Ciências, Aprendizagem significativa.

Há aproximadamente trinta anos, os Mapas Conceituais foram desenvolvidos pelo Professor Joseph Novack e seus colaborados para a análise de transcrições de gravações. Posteriormente, foi sendo utilizado como recurso de ensino, apoiando-se na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (MOREIRA, 2002). Segundo Farias (1995), Mapa Conceitual é um esquema gráfico a fim de representar estruturas básicas de partes de conhecimentos sistematizados, representados pela rede de conceitos e proposições relevantes desse conhecimento. Atualmente, os mapas apresentam as mais diversas funções e finalidades, todas para facilitar e promover uma aprendizagem significativa, podendo ser utilizada como forma de avaliação, metodologia de exposição de conteúdo, de análise curricular e também como recurso metodológico para revisar conteúdos. Neste trabalho, usamos os mapas com o último propósito citado, a fim de fornecer aos alunos uma revisão dos assuntos de forma significante. Trabalhamos com vinte estudantes do sétimo ano do Colégio Aplicação da Universidade Federal de Sergipe, revisando os conteúdos sobre Vírus, Bactérias, Protozoários e Fungos. Como os alunos não conheciam os mapas conceituais, primeiramente explicou-se o que são, seus objetivos e como fazê-lo. Posteriormente, demonstramos um mapa sobre Plantas, para que assim eles pudessem construir os próprios mapas. Nessa etapa, a metodologia utilizada consistiu em dividirmos a sala em cinco grupos de quatro pessoas, sendo cada grupo responsável por montar um mapa de um dos assuntos. A cada grupo foi dado uma cartolina, cola, canetas coloridas e um envelope contendo fichas com diferentes conceitos, que podiam ou não pertencer ao assunto do qual o grupo iria construir o mapa. A partir do conhecimento deles, iriam selecionando os conceitos nas fichas e adicionando os ligantes que achavam necessários. As fichas foram disponibilizadas, pois, como eles não tinham experiência com a confecção de mapas, elas facilitariam o trabalho e evidenciavam se eles sabiam relacionar os conceitos com cada assunto, já que existiam conceitos que não pertenciam aos conteúdos pedidos. Após todos os grupos terem finalizado a construção dos mapas, cada um apresentou para a turma. Ao final das apresentações, expomos no quadro os mapas e os alunos e nós professora corrigíamos ou aperfeiçoávamos os mapas. A partir dessa prática, percebemos que eles tiveram um grande aproveitamento na aula, conseguiram se expressar bem, interagir em grupo, relembrar e relacionar os conceitos, dando significado a eles. Na prova escrita, um mapa foi colocado e se comprovou que eles compreenderam o assunto, pois conseguiram colocar o que foi aprendido, alcançando-se assim um dos princípios dos mapas conceituais: fazer com que, através do uso desse recurso metodológico, tornar a aprendizagem dos alunos cada vez mais significativa.


NEUTRALIDADE EPISTÊMICA E NEUTRALIDADE GRAMATICAL EM WITTGENSTEIN: DOIS MODOS DE CONCEBER A ATIVIDADE FILOSÓFICA

Taís de Andrade Fiscina de Oliveira (Graduada em Filosofia, UFS/ GE2C)
taisfiscina@hotmail.com

Palavras-chave: Neutralidade epistêmica e gramatical. Multiplicidade dos usos dos conceitos. Formas de vida.


Este trabalho tem como finalidade apresentar a neutralidade epistêmica e gramatical como dois modos de conceber a filosofia enquanto Atividade terapêutico-gramatical de Wittgenstein. Usa-se como método a leitura e a interpretação de textos que servem como base para a apresentação dos seguintes argumentos: a construção do sentido dos conceitos nos contextos de que estes fazem parte, e não a partir de um elemento a priori da linguagem; a multiplicidade dos usos conceituais como cura das imagens; as formas de vida, e os jogos de linguagem que lhes constituem, como a base para a significação; e a falta de um fundamento último que norteie tal significação. Segundo Arley Moreno, esta atividade filosófica possui um aspecto ético: o de combate ao dogmatismo no uso das imagens, pois, ao mostrar exemplos de “usos efetivos, possíveis e mesmo inusitados” (MORENO, 1995, p. 32), Wittgenstein estaria nos remetendo ao conceito de formas de vida, nas quais estão inseridos os jogos de linguagem, que, por estarem baseados em contextos diferentes, têm significações diferentes, possuindo funcionamentos próprios a partir de suas regras internas. Por fim, conclui-se que a desfixação do uso dogmático quebra a concepção de que há um fundamento epistêmico ou gramatical último, estando este entre o transcendental e o empírico, ou seja, nas formas de vida de maneira pragmática; e que o seu resultado está na percepção da multiplicidade desses usos. Assim, estaria justificada a neutralidade nos dois modos apontados de se conceber a atividade filosófica.


REALISMO CIENTÍFICO E OBSERVABILIDADE

Tales Carnelossi Lazarin (Mestre e Doutorando em Filosofia, UFSCar)
e-mail: taleslazarin@terra.com.br

Orientador: Prof. Dr. Mark Julian Richter Cass

Palavras-chave: Realismo científico; Empirismo construtivo; Relativismo; Observabilidade; Mente modular;

O debate sobre o realismo científico tem como foco principal a possibilidade de que seja estabelecido conhecimento sobre os referentes de termos teóricos mencionados em teorias científicas que são ‘inobservávies’ (e.g. elétrons, campos magnéticos, DNA, estados mentais, etc...), bem como a possibilidade de determinar o valor de verdade dessas teorias. Tal debate atravessa diversos assuntos da Filosofia da Ciência, mas o presente foco será a questão da observabilidade científica, que pode ser dividida em dois pontos: 1) O estabelecimento de uma divisão ou critério que distinga entre teoria e observação (ou entre entes observáveis e inobserváveis); 2) A dependência que observações têm de teorias previamente aceitas e do treinamento recebido pelos cientistas. Há duas propostas notáveis na literatura sobre o realismo científico para estabelecer a distinção entre teoria e observação, que serão expostas criticamente - sendo que a questão sobre a dependência teórica de observações será mencionada convenientemente nesse percurso. A primeira sugestão é a de Fodor que, sendo um realista, busca traçar a distinção entre teoria e observação para bloquear conclusões de incomensurabilidade e irracionalidade de escolha entre teorias científicas que são asseveradas por teóricos relativistas a partir da ‘constatação’ da dependência teórica irrestrita de observações. Fodor rejeita tal ponto de partida empregando sua própria tese de que a mente é modular para continuar sustentando a possibilidade de observações neutras com relação a teorias. Assim, ele afirma que a percepção é informacionalmente encapsulada, de modo que apenas parte da informação pode influenciar a saída (output) dos processos perceptuais. Churchland objeta a tal proposta afirmando que a possibilidade de consenso observacional não leva automaticamente à neutralidade teórica (i.e. objetividade) como gostaria o realista, pois a observação, mesmo consensual, ainda pode ser viesada. A segunda proposta é a de van Fraassen, que necessita estabelecer a distinção mencionada para viabilizar sua própria posição anti-realista (a que chamou de empirismo construtivo). Este autor pondera, primeiramente, que a distinção a ser feita não é, propriamente, entre teoria e observação, mas entre entes observáveis e inobserváveis, e estipula que são observáveis aqueles entes que podem impressionar nossos sentidos de forma não mediada. Van Fraassen tenta, a partir dessa definição, desarmar três objeções à distinção propostas anteriormente por Maxwell – a saber, que a fronteira entre observável e inobservável é difusa, que ela muda de um problema científico a outro, e que mais entes se tornam observáveis com o progresso tecnológico - no que obtém sucesso ao menos parcial. Porém, há uma objeção muito mais contundente na literatura - de incoerência - uma vez que van Fraassen lega a nossas teorias científicas o trabalho de estabelecer aquilo que é observável, mas talvez se deva crer nessas teorias, incluindo suas afirmações sobre inobserváveis, ao empregá-las para realizar tal tarefa. Ao final, essas duas propostas são comparadas e são feitas também considerações gerais sobre o papel da observabilidade no debate sobre o realismo científico.

SOBRE A LINGUAGEM INFINITÁRIA DE DEUS

Walter Gomide (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT)
waltergomide@yahoo.com

Palavras-Chave: Deus – Nomes Próprios – Infinito – Não-Enumerável – Símbolo.

Conforme as tradições judaica e cristã -- a primeira, representada por Gerschom Scholem, e a segunda por Santo Agostinho -- , a Criação do Universo se deu pela palavra divina; o mundo se fez por um ato de fala do Criador. Neste ato originário da divindade, o mundo se estruturou como nomes próprios oriundos da voz de Deus. Estes nomes devem existir em uma quantidade não-enumerável, pelo menos, segundo a teoria dos números transfinitos de Cantor. Mas como a linguagem humana, essencialmente finita ou enumerável, pode ser um reflexo da nomeação própria efetuada por Deus. A resposta a isto se dá pelo artifício do símbolo, isto é, pelo uso equívoco dos nomes próprios da linguagem – em síntese, isto consiste em abdicar do pressuposto lógico da nomeação funcional, bijetiva, para dar lugar ao símbolo, princípio que faz do ato de nomear algo essencialmente errante.

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